segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Caminhada


"... uma caminhada cheia de contratempos até descobrir com alívio, lá no fim, que não há fim, a vida segue.”
                                              (Martha Medeiros)


Gosto de andar a pé
Ouço vozes, vejo caras
Fantasio histórias, crio pessoas
Me reinvento a cada passo
Chutando pedregulhos
Até esfolar o bico do pé
Em marcha lenta e passos largos
Continuo a caminhada
Sol de inverno ardendo os olhos
Chuva de verão molhando bobos
E nas costas uma mochila
Pesada, rota e farta
É preciso carregar
É preciso caminhar

Estão mudadas as calçadas
Fizeram novos buracos
E plantaram novas árvores
Não são os mesmos também os sonhos
Envelheceram sentados na mureta chapiscada
Paralisados olhando os carros
De braços cruzados
E chapéu preto na cabeça
Ficarão ali por mais um tempo
Enquanto há ainda pés para andar
Calçadas para furar
Mochilas para carregar
E história para contar

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