terça-feira, 16 de novembro de 2010

Baú

“As laranjas não existem porque são de supositório.”
                                                                     (Chaves)




A: He é para menino e She é para menina. Como o He-man e a She-ra. Lembram?
B: Quem são esses, teacher?
A: Os heróis do castelo de Grayskull.
B: Eu assisto Dragon Boosters.
C: Eu adoro Dragon Boostres.
D: Eu não gosto de Dragon Boosters.
A: O que é Dragon Boosters?

...

O que tinha acontecido com o homem da espada e a princesa do poder? Acho que cochilei em frente à televisão e dia desses, quando acordei, o que restava eram as lembranças de bichinhos azuis com gorros brancos e ursinhos com desenhos na barriga.
Muita coisa muda, outras permanecem as mesmas como o dono da Porta da Esperança dançando Hot Hot Hot com o microfone preso à gravata. Tem certas outras coisas que simplesmente desaparecem, enquanto outras sobrevivem ao bolor dentro de um barril numa vila mexicana ou segurando uma marreta biônica e zás, zás, zás. Fofões, Bozos e Mafaldas ameaçam ressurgir em cópias fajutas, sem muito sucesso.
O tempo perguntou pro tempo quanto tempo o tempo tem. Acho que o tempo suficiente para acontecer e deixar saudade. Afinal de contas, o que seria das pessoas com um buraco no peito sem sentir melancolia e a dorzinha de uma saudade em dia de chuva? Saudade de viver Anos Incríveis nos corredores de uma escola americana ou saudade da vontade de ter um gravador que levava um menino pro Mundo da Lua. Saudade de uma rua cheia de pombos ou de um mar onde dois peixes tagarelavam e assistiam a desenhos animados. Saudades de três tartaruginhas valentes ou ainda de gatos corajosos do planeta de Thundera. Ou quem sabe, saudade do espírito de equipe de uma turma liderada por um alce ou de um atrapalhado inspetor e toda sua bugiganga.
É só fechar os olhos e ver balões mágicos no céu, no mesmo céu onde voava o homem da capa vermelha ou ainda monstros japoneses e suas piruetas em meio a letras e símbolos esquisitos. As garotas de Charlie também passeavam por ali, bem próximo de onde uma garota vestida de rosa shocking encontrava o seu amor. Os sábados eram dias de escola para uma turma de cinco adolescentes estranhos e às terças, pirataria já não era mais crime na TV. A escola também era lugar de encontro para uma Galera do Barulho sempre salvos pelo sino.
Alô Teresinha, isso me cheira a naftalina ou será glacê de bolo que Três Patetas esfregavam na cara um do outro? Na verdade, tem cheiro de crime no ar, crime militar de um esquadrão de primeira. Pode também ser de fogo vindo de um reino encantado de cavalos, princesas e rainhas. Rainha havia também longe dali, uma que sonhava em ser rainha da dança, em ritmo de embalo, que por vezes também foi quente num resort ali por perto. Reinos encantados existiram sempre, e eram adorados especialmente se além de encantado era medieval e mitológico povoado por ursos mais inteligentes que a maioria por aí. Outro mundo também existia além da montanha russa e era habitado por dragões e visitado por jovens do mundo real.
E senta que lá vem história. História de uma fada criança, de um homem que conversa com uma cobra, de um homem mascarado que achava que resolvia mistérios, de uma esfinge sabichona, de um palhaço com spray na mão, de um pinguim tocador de piano, de professores nada convencionais. Tudo isso assistido por uma família. Famílias também sempre fizeram parte desse mundo. São famílias do passado, do presente e do futuro em aventuras semanais.
Ursos, palhaços, dragões, reis, princesas, famílias, criaturas, gente... Tudo guardado num saco mofado que ao ser aberto libera lembranças de uma época. Uma vez ou outra abro o saco. Vez ou outra só.

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