quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O dia seguinte


“De todas as maneiras que há de amar nós já nos amamos (...)
Agora já passa da hora, tá lindo lá fora, larga minha mão.”
(De todas as maneiras – Chico Buarque)


O ar está parado
Pesado de um almíscar pernoitado
Anuviado de um cigarro mal apagado
A espuma já murchou
A balbúrdia já cessou
Os lençóis estampam a brancura que não têm
E o riscado bolero silencia
Não há de ser nada
São só fios amarelos indiscretos
Que descaram e revelam
Espelhos tortos, almas torpes
Bobeiras, besteiras, bobagens
Lampejos de lucidez
Clareiam as memórias
Embebidas em gim e tônica
Voltando a ser o que foram
Ainda sem saber o que são

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