terça-feira, 26 de outubro de 2010

Qualquer coisa que não fique ilesa

Eu me rendo... Não é que eu esteja traindo meus cadernos, de maneira nenhuma, mas resolvi dar vida a eles.
Como tudo acontece na Internet, vou parir as idéias registradas nas folhas pautadas no mundo cibernético.
Inspirada por Arnaldo Antunes (O mestre), batizei a cria de QualQuer. Porque aqui escrevo qualquer coisa pra qualquer pessoa em qualquer lugar.
Qualquer coisa, qualquer coisa que não fique ilesa, qualquer coisa que não fixe.
... pra quem Quer ler...

QualquerArnaldo Antunes

Composição: Arnaldo Antunes / HélderGonçalves / Manuela Azevedo

Qualquer
Traço, linha, ponto de fuga
Um buraco de agulha ou de telha
Onde chova.

Qualquer pedra, passo, perna, braço
Parte de um pedaço que se mova.

Qualquer
Qualquer
Fresta, furo, vão de muro
Fenda, boca onde não se caiba.
Qualquer vento, nuvem, flor que se imagine além de onde o céu acaba
Qualquer carne, alcatre, quilo, aquilo sim e por que não?
Qualquer migalha, lasca, naco, grão molécula de pão

Qualquer
Qualquer dobra, nesga, rasgo, risco
Onde a prega, a ruga, o vinco da pele
Apareça

Qualquer
Lapso, abalo, curto-circuito
Qualquer susto que não se mereça
Qualquer curva de qualquer destino que desfaça o curso de qualquer certeza

Qualquer coisa
Qualquer coisa que não fique ilesa
Qualquer coisa
Qualquer coisa que não fixe.

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