terça-feira, 26 de outubro de 2010

Caixa de amigos

"Dentro de cada pessoa
Tem um cantinho escondido
Decorado de saudade"
Carlinhos Brown, Marisa Monte, Arnaldo Antunes, Cézar Mendes

    A vida é realmente incrível, não é mesmo? Pessoas que fazem parte do seu dia-dia e que são indispensáveis para sua sobrevivência de repente como num flash somem feito fumaça e deixam apenas vestígios, migalhas, lembranças, cheiros, sensações. Às vezes eu detesto o tempo, na mesma proporção que o amo. Sim, amo porque só ele é o bálsamo que a gente precisa para curar feridas, esquecer, perdoar, esquecer e perdoar, enfim amenizar sentimentos que outrora foram arrebatadores. Mas eu odeio o tempo também, esse larápio de primeira que passa por nós feito um furacão e quando nos damos conta já nos levou embora a juventude, os anos de vida, os amores e os amigos.
    Tento viver o presente da melhor forma possível, mas guardo meu passado numa caixa a qual abro todas as noites nostálgicas quando preciso reviver algo. Queria assim também guardar meus melhores amigos, para que quando as noites apertassem meu peito eu pudesse aliviá-lo simplesmente abrindo minha caixa de amigos.
    Mas, isso ainda não foi inventado, né? Uma pena. Por isso tenho que conviver com essa sensação que ninguém é insubstituível e que as coisas vem e vão na velocidade da luz. Uns casam, outros separam, outros engravidam, outros morrem, outros vivem e assim gira a roda. Queria poder parar a roda pra dizer: "Ei, você... é você mesmo, você é importante pra mim... Você fez diferença na minha vida e você faz muita falta." Mas a roda não para e o meu melhor amigo ontem "casou, mudou e não convidou" como diria minha avózinha.
   O que serve de consolo é o que fica no coração, órgão que estudos de anatomia nenhum consegue explicar. Esse órgão pulsante que apesar de pequeno, guarda tudo dentro de si e nos dá vida. Acho que já sei, já encontrei a resposta. Meu coração é minha caixa. É, minha caixa de amigos e sempre quando eu sinto saudades eles estão aqui dentro, guardados feito relíquias. 
   Se você chegou até o final dessas linhas, obrigada por compartilhar comigo a minha angústia e ao mesmo tempo alívio. Angústia de perder os amigos e alívio por encontrá-los de volta no meu coração!

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