terça-feira, 22 de março de 2011

É só olhar direito

“Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta de tanto se acostumar, se perde de si mesma.”
(Marina Colasanti)














Quanto é preciso ainda andar?
Catando pedrinhas e guardando nos bolsos
Rindo de palhaços mascarados, trapezistas voadores e contorcionistas acrobáticos
Fingindo procurar o que ainda não sabe o que é
Revezando funções burocráticas e juntando tesouros
Fabricando dores e satisfações
Até sentir as vistas embaçadas
Lendo e relendo as mesmas bulas de remédio
Até dormir e não sonhar mais
Encolhidos eles foram, os sonhos
Até cair do canto direito do olho
Cataratas embargadas, por vezes economizadas
Até perceber que, na verdade, enxerga tudo em grande proporção
Maior mesmo do que deveria
Através de uma lupa reveladora
E pupilas refletoras de sentimentalidades

2 comentários:

  1. Em que diferem as pupilas que refletem e as que absorvem?

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  2. Se refletem, se absorvem, não escondem, não são boas pra mentir!

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